sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Conheça os Conselhos do Cruzeiro

Sobre os Conselhos do Cruzeiro Esporte Clube será o tema desta coluna.
            Primeiramente, o mais conhecido e comentado é o Conselho Deliberativo. Tal Conselho reúne sócios que podem se tornar conselheiros através da eleição, que é feita de três em três anos, na qual os sócios votam escolhendo uma chapa. Tais conselheiros são chamados de “Conselheiros Efetivos”. Juntamente com os efetivos, são votados também os suplentes de conselheiros, isto é, no caso de impedimento de qualquer conselheiro efetivo um suplente assume sua vaga.
            Dentro do Conselho Deliberativo há ainda dois tipos de Conselheiros: os beneméritos e os natos. Beneméritos são aqueles que um dia presidiram o Clube ou o conselho Deliberativo. Pessoas como Zezé Perrella, Francisco Lemos, Gilvan de Pinho e outros notáveis. Já os Natos fazem parte do conselho, porém de forma vitalícia, isto é, não dependem de eleição. São eleitos entre os Conselheiros Efetivos pelos outros Conselheiros Natos. Traduzindo: quando morre um conselheiro nato, os outros natos escolhem um substituto entre os efetivos. Os natos são importantes, pois não dependem de eleição para serem conselheiros. Com isso, estão livres de pressões de quem ocupa a presidência do Clube.
            A função do conselheiro é muito parecida com a do deputado. Vota e aprova as contas do clube e ainda delibera sobre a vida do Clube nas reuniões do conselho. É iludido quem acha que um conselheiro sozinho pode mudar a vida do Clube. Pode apresentar sugestões para a análise do Conselho e aí sim, seguindo a vontade de todos, sua idéia pode ser aprovada. Como foi no caso da coroa sobre o escudo.
            Outro conselho do Cruzeiro é o Conselho Fiscal. Nesse são apenas seis conselheiros: três titulares e três suplentes entre os membros do Conselho Delibertivo. A função primordial desse conselho é a de analisar as contas, despesas e receitas do clube, fiscalizando a diretoria em seus gastos e atos. É uma função de fundamental importância na vida do clube a de Conselheiro Fiscal. Aliás, os seis devem possuir experiência em Contabilidade, análise de balanços e demonstrações financeiras. Os seis são eleitos na mesma ocasião na qual é eleito o presidente do Clube.
            Para melhor conhecimento dos Conselhos visite o site do Cruzeiro clicando em “clube” e depois em “Conselho Deliberativo”. Minha foto está lá!
Saudações Palestrinas!

Saudação do Presidente do Conselho Deliberativo do Cruzeiro ao Governador Antonio Anastasia

O Conselho Deliberativo do Cruzeiro realizou uma importante homenagem em agosto de 2011, no salão social da Sede Campestre. O homenageado foi o Sr. Aniello Anastasia, um dos fundadores do Palestra Itália, na primeira honraria “post mortem” concedida pelo Clube.

Para representar a família do Sr. Aniello, o governador de Minas Gerais, Antonio Augusto Junho Anastasia, neto do homenageado, recebeu uma placa com a Ata de Posse do seu avô, a Comenda Grande Benemérito e o Raposão de Ouro, honrarias máximas cedidas pelo Cruzeiro.



O Presidente do Conselho Deliberativo, Hermínio Francisco Lemos discursou em homenagem ao avô do Governador, discurso que o emocionou bastante e que agora reproduzo abaixo:



Saudação do Presidente do Conselho Deliberativo do Cruzeiro Esporte Clube ao Excelentíssimo Governador do Estado de Minas Gerais, Antônio Augusto Junho Anastasia, neto do homenageado, Aniello Anastasia, fundador e primeiro Conselheiro da Sociedade Sportiva Palestra Italia.

Senhor Governador,
                Nesta noite de grande alegria e significado, o Conselho Deliberativo do Cruzeiro Esporte Clube se reúne mais uma vez. Desta feita, para homenagear postumamente um dos pais fundadores desta agremiação, que de um sonho de uma comunidade, tornou-se a realidade de todo um estado e um país. O Cruzeiro Esporte Clube é hoje o espelho e reflexo de nossa  Minas Gerais e do nosso Brasil. Assim como o estado que V. Excia. dirige, o nosso Cruzeiro é referência entre seus pares e uma glória para aqueles que dele participam.
                Se aqui estamos reunidos hoje, é por causa da determinação e atitude de abnegados que, no longínquo 1921, no primeiro dia útil daquele ano, se reuniram para fundar a Sociedade Sportiva Palestra Italia. Desejo da comunidade italiana, sempre tão apaixonada pelo Gioco Calcio, a fundação de uma sociedade esportiva que a congregasse em torno de valores tão importantes como civismo, solidariedade, ajuda mútua e saúde corporal e espiritual, foi o ápice do trabalho e dedicação daqueles italianos que viviam em Belo Horizonte.
                Se a comunidade queria uma sociedade que a congregasse, os pais pioneiros do Palestra Italia tinham ideais ainda mais elevados. Naquele início de século XX, a Pátria Italiana ainda era jovem e se ressentia, da parte de seus filhos, do seu reconhecimento como mãe querida daquela parcela de entes que a deixaram, na procura de dias melhores. A comunidade Italiana de Belo Horizonte e, por conseguinte de Minas Gerais, era composta de campanos, sardos, lombardos, emilianos, friulanos e tantos outros regionais, mas não de italianos. Em 1920 não havia um sentimento de mãe pátria italiana entre os imigrantes peninsulares.
                Assim sendo, o Cônsul italiano em Minas Gerais, o “Cavaliere” Belli di Sardis, reuniu os principais expoentes da comunidade italiana e propôs a criação de uma sociedade esportiva que reunisse os “oriundi” em torno do sentimento patriótico, personificado em uma equipe de futebol. Assim, nasceu a Sociedade Sportiva Palestra Italia com a grande missão de tornar peninsulares em cidadãos italianos. O dia escolhido teve significado especial, pois foi o primeiro dia útil do ano no qual o Reino d’Italia completava 60 anos de nascimento. Era um ano jubilar.
                No dia 02 de janeiro de 1921, na precursora da que seria a Casa d’Italia em Belo Horizonte, a comunidade italiana se reuniu, sob a cura do Cônsul italiano, e fundou a Società Sportiva Palestra Italia. Entre os italianos natos presentes se destacava a figura proeminente e entusiasta de um senhor que sempre teve como escopo a valorização da presença italiana em nosso estado. Tratava-se do imigrante de Pisciota, na Campânia (sul da Italia), Aniello Anastasia.
                Eugenio Vito Anielo Anastasia, filho de Luigi Anastasia e Elisabetta Maltone, nasceu em 13 de novembro de 1888. Em 1899 veio para o Brasil, com apenas 11 anos, dirigindo-se para Formiga onde começou sua saga empresarial, demonstrando um tino para os negócios raramente visto.  De Formiga mudou-se para Piraí, onde se casou, vindo depois para Belo Horizonte. Estabeleceu-se na av. Paraná, onde fundou uma beneficiadora de arroz, empregando dezenas de belorizontinos. Os mais antigos lembram-se que, quando eram crianças, uma das brincadeiras mais queridas era justamente ir à beneficiadora de arroz do Sr. Aniello, subir no muro e pular em cima da palha de arroz depositada do lado de fora da empresa.
                Com o sucesso da empresa de arroz, partiu para outros empreendimentos, sempre tendo em vista a tenra idade de nossa capital, o que fazia virar novidade todo e qualquer empreendimento que para cá trouxesse. Assim, as primeiras salas de cinema de BH foram inauguradas por aquele visionário italiano. Nós, que somos de uma geração anterior aos shoppings centers, freqüentamos as salas dos cinemas Brasil, Metrópole, Tamoios, Guarani, Roxy, México, Glória e Acaiaca. Junto ao seu cunhado Paschoal Perrella, fundou o Frigorífico Anastasia Perrella, que depois de sua saída da sociedade tornou-se o Frigorífico Perrella, que em um futuro distante, passou a fazer parte da vida e História do Cruzeiro Esporte Clube. Fundou banco, magazine e companhia de gás. Comprou muitas áreas na capital e urbanizou-as, dando origem a tantos bairros hoje muito valorizados como o São Bento, Santa Lúcia, Sion, Belvedere e outros. Aliás, diga-se de passagem, a estrada que nos leva ao Rio de Janeiro teve seu início onde hoje está a avenida Nossa Senhora do Carmo, devido à doação feita ao Governo Federal pelo Sr. Aniello das terras que lhe pertenciam. Foi também um dos fundadores do Hospital Felício Rocho.
                Para se ter uma idéia da importância de Aniello Anastasia, no final da década de 1920, veio ao Brasil um representante do Reino da Italia com o escopo de fazer um relatório sobre a presença dos italianos no Brasil. Ele se chamava Domenico Bertolotti e sua obra se chamou “Il Brasile Meridionale”. Um dos seus capítulos era, evidentemente, sobre o Estado de Minas Gerais. Ao mencionar os italianos que se destacavam na comunidade, elegeu nosso homenageado como o mais importante entre todos dizendo: “que de modesta condição após chegar ao Brasil, com trabalho assíduo e inteligente, tornou-se o mais rico italiano, gerindo uma série de empresas de indústria e comércio, tornando-se o salvador de compatriotas em situações perigosas e maior patrocinador das instituições italianas e apoiador de suas iniciativas. Contribuinte não só de impostos no Brasil como também contribuía com a Pátria Italiana, com um total de dois milhões e duzentos mil liras enviado ao governo italiano na forma de empréstimos e bônus do tesouro”.
                Com certeza, entre todas as suas iniciativas, a que nos mais emociona e nos mostra o espírito de abnegado patriota, foi a fundação do Palestra Italia. Entre os muitos participantes daquela reunião de fundação, um dos que mais se entusiasmava era justamente Aniello Anastasia, que via seus esforços visando a valorização da presença italiana em Minas Gerais se personificarem em uma instituição esportiva. Como sempre, avesso ao farol dos cargos e com muita modéstia, não quis fazer parte da primeira diretoria. Entretanto, quando da eleição da primeira gestão do Conselho Deliberativo do Palestra, se candidatou e foi um dos mais votados. Demonstrava assim, sobejamente, o homem da valorização das idéias e do diálogo, que sempre foi.
                Hoje homenageamos Aniello Anastasia na pessoa de seu neto, o Professor Antonio Anastasia, Governador de todos os mineiros e herdeiro do cabedal de conhecimento, dinamismo e trabalho honesto. Vemos na figura de nosso Governador e no seu olhar inteligente, a pessoa do avô. Com certeza, os dias passados na casa da Rua Santa Catarina, no bairro de Lourdes, ouvindo, com entusiasmo, as histórias de vida contadas pelo avô, ajudaram a forjar a têmpera do administrador público que hoje nos guia e conduz. Pelo neto vemos o avô. Pela obra do avô apostamos e temos certeza no sucesso do neto. Saber que o bom sangue não mente nos faz ter certeza dos anos de prosperidade que aguardam nosso estado e nosso país.
                A obra de Aniello Anastasia, representada pelo Cruzeiro Esporte Clube, será perene. O clube que ajudou a fundar é hoje a maior glória esportiva italiana fora da Italia. É hoje motivo de orgulho para todos os mineiros e marca de referência em todo o Brasil. O que nasceu para unir os imigrantes italianos, hoje reúne os mineiros em torno do símbolo maior da nação brasileira, que é a constelação do Cruzeiro do Sul, devidamente estampada na camisa azul da seleção italiana.
Muito obrigado.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Meu jogo imortal


(este texto foi originalmente escrito para o blog de Bruno Vicintin)
Meu jogo imortal - Anisio Ciscotto
Cruzeiro 3 x 1 Atlético (MG)
09/10/1977



O jogo que mais marcou da minha vida é também da maioria de  cruzeirenses que pertencem à minha faixa etária. Talvez não seja nenhum jogo excepcional para muitos cruzeirense, especialmente para os da nova geração, mas é um jogo mais do que marcante, foi uma página heróica, um jogo imortal. 
Estou me referindo ao jogo da decisão do Campeonato Mineiro de 1977. Aliás, há que se ressaltar que falo do terceiro jogo, pois na época As decisões poderiam ter um, dois, três e até quatro jogos seguidos entre os adversários numa overdose de clássicos.
O patético tinha o melhor time da história deles (que nunca ganhou nada de importante) e venceu o primeiro clássico por 1x0. Depois do jogo, os galináceos levaram a taça para seu vestiário e Cerezzo não teve papas na língua para dizer que "enquanto ele, Reinaldo , Marcelo e outros jogassem lá, o Cruzeiro não ganharia nada que eles disputassem".
Eles tinham um goleiro fantástico, o Ortiz, que jogava de bermudão, camisa laranjada e uma fita no enorme cabelo. Ao invés de pegar as bolas com as mãos, humillhava os adversários matava a bola no peito, fazia gols de pênalti, driblava os atacantes adversários sem necessidade. Era um Argentino que nos atormentava e para piorar ofuscava a supremacia do goleiro Raul que durava mais de uma década como o goleiro-atração do futebol mineiro.
Mas a diretoria do Cruzeiro teve uma indicação de ouro e importou o atacante uruguaio Revétria, que tinha sido algoz do goleiro Ortiz quando os dois jogavam no Uruguai (diziam as más línguas que Ortiz viera para BH fugindo dos muitos gols de havia levado de Revétria no país de origem dos dois).
Veio a segunda partida e vencemos por 3x2, três gols de Revétria, num jogo em que eles abriram o marcador logo aos 5 minutos de jogo assustando a torcida do Cruzeiro e levando à loucura a torcidinha deles. Viramos com três de Revétria e embora fôssemos em menor número, gritamos como se fôssemos dez e calamos a boca da cachorrada.
Tudo seria decidido num terceiro jogo e o discurso e empáfia deles não diminuía. Aos 35 da etapa inicial, Reinaldo, que havia feito o segundo gol da partida anterior, fez um gol e foi comemorar perto da nossa torcida, que mais uma vez estava em menor número que a torcida deles.
Foi o que bastou para as coisas mudarem de rumo.
Aos 25 do segundo tempo, ele, nosso "RE(I)VÉTRIA fez um belo gol e empatou a partida para desespero de Ortiz e companhia.
Revétria correu para nossa torcida, justamente perto de onde eu me encontrava e comemorou muito, fazendo com que a torcida comemorasse mais ainda e passasse a acreditar que o jogo anterior se repetiria. Acendeu a esperança de novo em todos nós.
A história se repetiria?
Eles ficaram com mêdo?
Aquele empate no terceiro jogo, levava a decisão para uma prorrogação, onde o adversário teria, mais uma vez, a vantagem de empatar para ser campeão. Na primeira etapa da prorrogação Lívio Damião (irmão gêmeo do lateral Luiz Cosme) marca o segundo e Joãozinho, de forma magistral aos 14 enterrou as esperanças galináceas.
Foi uma vitória da superação e da "Raposa" Felício Brandi que trouxe Revétria e desequilibrou emocionalmente o goleiro cabeludo. Revétria é daqueles ídolos que todos que viveram aqueles momentos mágicos se lembrarão. Um guerrreiro, um bravo que mesmo ficando pouco tempo no Cruzeiro estará na lembrança de todos.
Eu fui, a pé, do Mineirão até o Santo Antônio, onde eu morava, gritando com meus amigos: "REI, REI, REI! REIVÉTRIA É NOSSO REI!
Recentemente tive o prazer de encontrar Revétria, Joãozinho e Lívio e recordar tal jogo com eles. Aliás a foto com o Reivétria está no meu perfil do Orkut.
Forza Azzurra! Forza Palestra!
Este post foi escrito por Anísio Ciscotto Filho, 46 anos, Gerente Geral da Caixa Econômica Federal, natural de Aimorés-MG.
Ficha Técnica
Cruzeiro 3 x 1 Atlético-MG
Campeonato Mineiro- Mineirão - Belo Horizonte
Público - 122.534 / Renda - Cr$ 4.194.550,00
Árbitro - Márcio Campos Salles (SP)
Gols: Reinaldo aos 35' do 1º tempo, Revétria aos 25' do 2º tempo, Livio aos 7' e Joãozinho aos 14' do 1º tempo da prorrogação.
Cartão Vermelho: Lívio (CRU).
Cruzeiro : Raul; Nelinho, Zezinho Figueiroa, Darci Meneses e Vanderley; Flamarion, Valdo (Eli Carlos), Elivélton e Eduardo; Revétria (Lívio) e Joãozinho. Técnico: Procópio.
Atlético (MG) : Ortiz; Alves, Márcio, Vantuir e Dionísio; Toninho Cerezo, Danival (Heleno), Marinho, Reinaldo, Paulo Isidoro (Marcinho) e Marcelo. Técnico: Barbatana.