domingo, 17 de junho de 2012

Reencontrar ídolos!

No futebol há muitas verdades, que aos poucos, vão se tornando mentiras. Até pouco tempo atrás, os clubes de futebol eram vistos como entidades acima do bem e do mal, isentos das obrigações mais comezinhas às quais toda a comunidade é obrigada a cumprir. Pagamentos de salários em dia, pagamentos de tributos, prestações de contas entre outras, sempre foram relevadas por dirigentes e aceitas como natural pelo grande público.
Um dos motivos de orgulho que tenho sobre o meu Clube é a importância que é dada pela diretoria, e valorizada por todo o corpo funcional, do princípio de se fazerem as coisas certas e administrar o Clube de maneira que não haja implicações legais posteriormente. 
Em 2001 procurei o então Presidente do Cruzeiro, Zezé Perrella, e lhe propus que acertássemos nossas dívidas com o FGTS referentes aos jogadores cruzeirenses que por nosso Clube passaram. O FGTS começou a ser recolhido no final da década de 1960 e desde então, até a entrada de César Masci, não era recolhido devidamente. A partir de 1990 passamos a recolher, religiosamente, todas as competências do Fundo de Garantia. É bom lembrar que o atleta que comprovar três recolhimentos em atraso ganha passe livre pela Justiça Trabalhista, o que é uma responsabilidade muito grande que o Clube tem. 
Encaminhamos o pedido de parcelamento à Caixa Econômica Federal e começamos a colocar o FGTS em dia. Todos os meses depositávamos um determinado valor e formamos uma poupança para depois dividirmos com os atletas.
No ano de 2006 já havíamos amealhado uma quantia considerável e começamos a desmembrar o valor para cada jogador. 
O melhor de todo esse processo, é que os jogadores teriam que comparecer a uma agência da Caixa para que retirassem os respectivos valores. Como participei do processo desde o início, pedi ao Departamento de Pessoal do Cruzeiro que encaminhasse os jogadores à agência onde trabalho.
Para minha alegria, fui atendido! 

Foi um desfile de craques de todos os tempos e conquistas: Raul, Nelinho, Pedro Paulo, Lívio Damião e Luiz Cosme, Zé Carlos, Nonato, Luiz Fernando, Paulão e Adilson, Dirceu Lopes, Wanderlei, Edson, Careca, Eduardo, Revétria, Joãozinho, Eduardo, Hélio... Por falar em Hélio, quando telefonamos para ele, que mora no Rio de Janeiro, pensou que era uma pegadinha. Tivemos que deixar o telefone do Cruzeiro para que ele ligasse para nós, certificando que aquele telefonema não era uma pegadinha de algum programa de televisão. Afinal, segundo ele, é quase impossível que alguém ligue avisando que pagará por uma dívida que sequer foi cobrada...
Tirei retratos com a maioria dos ídolos e o que mais me emocionou foi encontrar com Revétria. Ele é o maior ídolo que tive em toda a minha vida como Cruzeirense. Quem quiser saber o porquê, basta acessar o link ao final deste texto. Contei para ele que fui, a pé, do Mineirão até o bairro Santo Antônio cantando: Rei, rei, rei! Reivétria é nosso rei!
Enfim, foi uma oportunidade que tive de encontrar quase todos os meus ídolos e contar para eles o quanto torci e o quanto foram importantes em minha vida desde minha infância. Coisa que, pelo que sei, só o Cruzeiro proporcionou, ao cumprir com suas obrigações fiscais.
  http://anisiociscotto.blogspot.com.br/2011/10/meu-jogo-imortal.html  .

Um comentário:

  1. São coisas assim que o Cruzeiro faz mostrando respeito ao passado, atuando com lisura no presente, que nos mantém viva a esperança de que o futuro voltará a ter gosto de vitória. Engraçado que não vi notícia dessa iniciativa celeste na mídia. Isso foi divulgado? Saudações celestes.

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