terça-feira, 24 de dezembro de 2013

A Toca da Raposa I agora tem nome!

Em recente reunião do Conselho Deliberativo do Cruzeiro submeti à apreciação dos colegas Conselheiros a ideia de que o Centro de Treinamento das divisões de base do nosso Clube passasse a ter o nome de seu idealizador e fundador. A partir de agora, chama-se Centro de Treinamento Presidente Felício Brandi. 

Eu poderia escrever bastante sobre o tema, e ainda pretendo, mas vou copiar abaixo o texto do Anderson Olivieri que está em seu blog. Assim, serão duas homenagens ao mesmo tempo.


Ao fundador, a Toca I

Foto: acervo Cruzeiro Esporte Clube
Foto: acervo Cruzeiro Esporte Clube
Ontem, em reunião do Conselho, o presidente do Cruzeiro, Gilvan Tavares, anunciou que a Toca da Raposa I passa a se chamar Centro de Treinamento Presidente Felício Brandi.
Homenagem mais que justa ao grande cruzeirense que, no início da década de 1970, comprou o terreno para diversão e descanso da família. Ao chegar em casa, porém, se lembrou de que o Cruzeiro não tinha espaço tranqüilo como aquele para treinar. Resultado: pediu paciência à família, e o sítio virou a Toca da Raposa.
E foi com solenidade concorrida, que contou com a presença do governador de Minas da época, Rondon Pacheco, e Hino Nacional executado pela Banda da Polícia Militar, que a Toca da Raposa foi inaugurada em 3 de fevereiro de 1973.
Depois disso, só sucesso. Já nasceu considerada por toda imprensa esportiva nacional como melhor CT do país. E, por isso, serviu de base de preparação para a Seleção Brasileira nas Copas de 1982 e 86.
Por lá passaram Dirceu Lopes, Piazza, Raul, Nelinho, Joãozinho, Falcão, Zico, Renato Gaúcho, Dida, Palhinha, Muller e muitas outras feras.
Lá moraram Roberto Batata, Douglas, Nonato, Geovanni e várias outras joias celestes. A mais ilustre delas, claro, Ronaldo Fenômeno.
Com área de 60 mil metros quadrados, o local conta com estrutura de fazer inveja a grandes clubes do país, sobretudo os que não dispõem de aparato semelhante para os profissionais.
Tudo isso, desde março de 2002, quando a Toca da Raposa II foi inaugurada, está à disposição das categorias de base do Cruzeiro. O local enxergado por Seu Felício, no princípio, como fábrica de craques, enfim, destinado inteiramente à formação de futuros talentos celestes.
Nada mais justo, então, do que, ao visionário, ao grande idealizador da Toca I, ao fundador, esta homenagem: “Toca da Raposa I” vira “Centro de Treinamento Presidente Felício Brandi”.
Aplausos, portanto, ao conselheiro Anísio Ciscotto, autor da proposta pela alteração do nome. E ao Dr. Gilvan, o presidente que reverencia quem fez, do Cruzeiro, o gigante Cruzeiro.

Mensagem de Natal!

A todos os que me prestigiam diariamente no meu blog, desejo um Feliz Natal!
Saudações Palestrinas,
Anísio Ciscotto Filho.



sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Sobre fair-play financeiro dos clubes de futebol

           
           
             Recentemente assistimos a cena do presidente do Atlético Mineiro, pateticamente, pedir socorro à Presidente Dilma para que liberasse os valores retidos pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional quando da venda dos direitos do atleta Bernard.
            Se, a princípio, pode parecer que se trata de uma iniciativa inovadora do mandatário alvinegro, na verdade é mais um capítulo de uma novela que teve início há pouco tempo e tem outros protagonistas. O presidente do Vasco da Gama também pediu ajuda às autoridades federais com o escopo de conseguir regularizar a situação fiscal e conseguir as certidões negativas e assim, conseguir o patrocínio da Caixa Econômica Federal para seu clube. Muitos são os presidentes que estão tentando acertar a vida de suas instituições antevendo a possibilidade de receber recursos federais, seja através de patrocínios de estatais e também através da Lei de Incentivo ao Esporte.
            A grande verdade é que a bolha da impunidade estourou. E estourou com força. Estourou em um momento de ciclo virtuoso do futebol brasileiro, onde a economia e o evento Copa do Mundo inflaram os contratos, costumes e patrocínios no mundo da bola. Os contratos de transmissão estão altos, os preços de ingressos estão altíssimos e as relações entre clubes e atletas estão indecentes de caro. Atletas que atravessaram o oceano a procura do Eldorado, descobriram com atraso, que tal Eldorado sempre se localizou em terras do Novo Mundo. Ronaldos, Ronaldinhos, Freds e tantos outros deixam o Velho Mundo em troca de uma prosperidade no novo.
            A fórmula usada pelos clubes brasileiros, e que deu muito certo no Cruzeiro e São Paulo até o final do ano de 2008, foi a de revelar e vender grandes talentos para clubes europeus e com o dinheiro amealhado, montar times competitivos. Com a crise econômica mundial, que teve seu início em outubro de 2008 e perdura até hoje, os grandes clientes do futebol brasileiro (clubes europeus) tiveram o poder de compra sucateado e romperam com tal fórmula. Clubes portugueses, espanhóis, italianos entre outros passaram a ser mais seletivos na escolha dos jogadores onde investiam. No caso do Cruzeiro o grande cliente sempre foi Portugal, destino de vários jogadores formados na Toca da Raposa I. Lembro-me de ter conversado com o então Presidente Zezé Perrella sobre a mudança de postura que se mostrava necessária implementar, privilegiando o aumento de receitas em outras atividades como bilheteria e patrocínios, diminuindo a dependência da venda de jogadores. A sugestão se mostrou correta no ano de 2013 após alguns anos de penúria que quase destruíram a fama de bom dirigente que Perrella sempre teve.
            Uma grande e importante modificação nos últimos anos foi a maneira como o Governo Federal tem tratado a questão das dívidas fiscais dos clubes de futebol. Se antes havia uma grande leniência por parte das autoridades e órgãos fiscalizadores, hoje há um grande movimento de cobrança e reversão de inadimplência, o que é louvável. O brasileiro que tem 27,5% de seu salário retido em seu pagamento a título de imposto de renda, deve se revoltar com tanto carinho dispensado às instituições desportivas. Os costumes de não pagar impostos, descontar impostos na folha dos empregados e não repassar aos órgãos arrecadadores (é crime), fazer contratos de trabalho utilizando subterfúgios para burlar impostos e tantos outros artifícios agora estão levando os dirigentes a procurarem o fisco para que regularizem suas situações.
            Capítulos da novela como a venda de Bernard, Vitinho, Dedé e tantos outros estão proliferando. A possibilidade de pagar os salários astronômicos com a venda de jogadores, de solução está virando dor de cabeça com a ação peremptória da Fazenda Nacional. É sempre bom lembrar que a Fazenda e a Caixa Econômica Federal sempre estiveram abertos às negociações e se, neste exato momento, um dirigente procurar os órgãos gestores do fisco nacional, conseguirão renegociar seus débitos e conseguirão as certidões negativas de débitos federais tão sonhadas.
            Mas o que se quer, de novo, é fazer mais uma manobra para facilitar a obtenção de tais certidões e rolar a dívida. Por que o setor futebolístico precisa de um programa de saneamento específico, com perdões, prazos e condições especiais? Isto já foi feito com vários REFIS, com a Timemania e várias outras situações. O que houve? Usaram tais programas para a simples rolagem de dívida e empurrar o problema para o sucessor. Sou contra qualquer manobra de favorecimento. Que os clubes, como qualquer mortal brasileiro, procurem os órgãos competentes do Governo Federal e acertem suas contas. Movimento que tem pregado tal atitude é o Bom Senso Futebol Clube que tem exigido o fair-play fiscal. Resta saber se, a guisa de fair-play fiscal, os atletas aceitarão conversar sobre os valores exagerados de salários e premiações que recebem.
            Devo deixar claro que acho que o jogador de futebol tem que ser o melhor remunerado entre todos os que recebem dinheiro de alguma maneira no mundo da bola. Eles são os artistas e é a eles que os torcedores, telespectadores e etc. procuram assistir. São as imagens deles, em patrocínios, campanhas e chamadas de programação, que estão alavancando audiência, faturamento de bilheteria e aumento do número de sócios torcedores. Assim sendo, devem receber muito. O grande problema é a estrutura montada em torno de cada atleta: procuradores, empresários, assessores de imprensa, relações públicas, pessoal de manutenção de sites e redes sociais, Marias Chuteiras, amigos e fornecedores em geral. Cada um quer retirar uma fatia do faturamento do craque. Tal estrutura infla o salário do boleiro e detona as finanças do clube.
            Lembro-me quando Benito Masci assumiu o Cruzeiro na década de 1980 e encontrou o clube com os telefones cortados, sem luz e água, e montou uma equipe de trabalho que procurou sanear as finanças, sob a batuta do grande Conselheiro Aristóteles de Ávila. Trocou grandes craques por jogadores medianos e desconhecidos e passou alguns anos no ostracismo do futebol brasileiro. Sua atitude corajosa forjou um time vencedor, que nas mãos de seu sucessor e irmão César Masci, voltou a figurar entre os times mais importantes do futebol nacional, tornando-se o Melhor Clube de Futebol do Século XX segundo a FIFA.
            Sugiro aos mandatários que sigam o exemplo que inesquecível Benito Masci e façam planejamentos financeiros exeqüíveis com a capacidade de geração de caixa de seus clubes, levando em conta não somente as receitas, mas principalmente as despesas, que devem aumentar sobejamente se, realmente, estão levando a sério a vontade de pagar suas dívidas fiscais. Procurem a Fazenda e a Caixa e regularizem suas situações.
            Talvez o grande problema seja que tal adequação propicia resultados em médio prazo e as torcidas, os dirigentes com aspirações políticas, a mídia e enfim, o mundo futebolístico, exigem resultados imediatos!